terça-feira, 5 de outubro de 2010

Poesia da melhor qualidade

Amar
(Drummond)

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal,
senão rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura
nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede
infinita.

Poema X Poesia

Você já se perguntou qual a diferença entre poema e poesia? Pois saiba que poema é a obra literária composta em versos. Já poesia tem o sentido mais amplo e está relacionada ao uso da linguagem poética, que aparece não só nos poemas, mas também na prosa, nos filmes, nas músicas, etc. Você se lembra da crônica poética?

Podemos listar algumas características do poema:

* Função: expressar sentimentos, emocionar o leitor, criticar.

* Linguagem: pessoal, subjetiva, figurada.

* Suporte: livros principalmente, além de revistas, jornais, sites, etc.

* Tema: assuntos variados.


Mas... como definir poesia? O poeta e professor Alcides Villaça escreveu o seguinte texto:

"A poesia é um modo de a gente sentir a gente, de sentir as coisas do mundo, de sentir a gente no mundo. A poesia é um modo de construir com palavras esses sentimentos.
Se lemos em voz alta as palavras da poesia, caprichando na leitura, percebemos que o poema é mais do que palavras escritas: percebemos que ele quer cantar.
Definir poesia não é fácil. Mas quem lê com carinho as palavras de um poema já está conhecendo a poesia, já está aceitando a beleza e a verdade que ela tem."
(Alcides Villaça, Folha de S. Paulo, 21 jul. 1997.)


Pensando melhor... poesia não se define; poesia se SENTE!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Poetas do Parthenon, mostrai-vos!

Um passarinho me contou que vocês produziram poemas nas aulas de produção textual. Que tal postá-los aqui?

Beijos,

prô Lu

P.S.: O nome do passarinho começa com "Jor". E termina com "ge".

Para saber mais

Quem gostou, bate palmas!!!!! E acessa os seguintes sites:

http://www.algumapoesia.com.br/poesia.htm

http://www.releituras.com/

http://www.casadecoracoralina.com.br/home.html

http://carlosdrummonddeandrade.com.br/

http://www.poemavisual.com.br/

http://pauloleminskipoemas.blogspot.com/

Poetas e poesias

Galerinha linda,

se a narrativa em prosa nos leva a imaginar personagens e aventuras, há outro tipo de texto – os poemas – que, além de aguçar nossa imaginação, atua sobre nossa sensibilidade, surpreendendo e brincando com jogos de significados.

Vamos conhecer um pouco mais sobre poesia?

O texto que apresenta versos ou linhas poéticas, com ou sem rima, chama-se poema.

Os poemas podem ser formados por versos com rima (terminação dos versos igual ou semelhante), versos brancos (sem rima) e versos livres (sem métrica ou medida, ou seja, de qualquer tamanho. O conjunto de versos chama-se estrofe.

A métrica é a medida dos versos, isto é, o número de sílabas poéticas apresentadas pelos versos. Na sílaba poética, as vogais átonas são agrupadas numa única sílaba. É uma divisão que leva em conta a oralidade, sendo portanto diferente da divisão silábica gramatical.

Ao ouvirmos uma melodia qualquer, percebemos que ela foi composta em determinado ritmo. Um poema também tem seu ritmo, que lhe é dado pela alternância de sílabas acentuadas e não acentuadas, isto é, sílabas que apresentam maior ou menor intensidade quando pronunciadas.

A rima é um recurso musical baseado na semelhança sonora de palavras no final de versos (rima externa) e, às vezes, no interior de versos (rima interna).

Paralelismo é a repetição de palavras ou estruturas sintáticas maiores (frases, orações, etc) que se correspondem quanto ao sentido. Observe o paralelismo nestes versos da canção “Sem fantasia”, de Chico Buarque:
“Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu.”



A voz do poema
A voz que fala num poema nem sempre é a do poeta. Da mesma maneira que num romance ou num conto nem sempre o narrador da história é o autor da obra, num poema nem sempre o poeta está falando por si próprio.
Assim, chamamos de eu lírico ao ser abstrato cuja voz fala no poema. Esse ser abstrato tanto pode consistir numa invenção do poeta quanto representar o poeta, sendo a expressão do que ele pensa e sente.
Observe, neste trecho da canção “Olhos nos olhos”, de Chico Buarque de Holanda, a presença de um eu lírico feminino:

"E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você
Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer"
(Chico Buarque de Holanda)


Agora que já estamos bem sabidos quanto à teoria, vamos à melhor parte...os poemas!

Os Ombros Suportam o Mundo
Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta,
não abrirás.
Ficaste sozinho,
a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice,
que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Os versos acima foram publicados originalmente no livro "Sentimento do Mundo", Irmãos Pongetti - Rio de Janeiro, 1940. Foram extraídos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78.




Dois Cânticos e uma Canção
Cecília Meireles

Cântico II
Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens...
não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade. És tu

Canção Mínima
No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta

Cântico VI
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acaba todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.

Os cânticos e a canção acima foram extraídos da "Antologia Poética", Editora Record - Rio de Janeiro, 1963, págs.25, 32 e 45.



Epigrama (trecho)
Gregório de Mattos e Guerra
I
Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da República em todos os membros, e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia.

Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.
Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.
Quais são seus doces objetos?... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?... Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos.
Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao Demo o povo asnal,
Que estima por cabedal,
Pretos, mestiços, mulatos.
Quem faz os círios mesquinhos?... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?... Guardas.
Quem as tem nos aposentos?... Sargentos.
Os círios lá vem aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.
E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?... Injusta.
Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.
Gregório de Mattos e Guerra (1633/1696), o Boca do Inferno, nascido na Bahia, foi o primeiro de nossos satíricos, homem de língua destravada e fácil veia poética. Estudou humanidades em Portugal, tendo feito o curso de leis na Universidade de Coimbra. Na terra mãe foi juiz criminal e de órfãos. Voltou ao Brasil com 47 anos, sob a proteção do arcebispo da Bahia, D. Gaspar Barata. Tantas e tais fez que não só perdeu a proteção do prelado, como ainda foi degredado para Angola. Reabilitado, voltou ao Brasil, indo para Recife, onde conquistou simpatias e viveu com menos turbulência que na Bahia. É o patrono da cadeira n.º 16 da Academia Brasileira de Letras. Além de versos satíricos e humorísticos, escreveu poesias eróticas com a maior incontinência verbal.
Texto extraído de "Antologia de Humorismo e Sátira", organizada por R.Magalhães Júnior, Editora Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1957, pág. 05.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

6ª Verificação de Leitura - 7º A - Unidade I

Amores e amoras,

este é o espaço reservado para vocês postarem suas verificações de leitura. Caprichem!

6ª Verificação de Leitura - 7º B - Unidade I

Queridos,

escrevam aqui sua verificação de leitura. Bom trabalho!